terça-feira, 13 de junho de 2017

Mach Vileda

Há 341 anos o astrónomo dinamarquês Ole Romer determinou a velocidade da luz, ao estimar os eclipses de uma lua de Júpiter. A descoberta foi controversa e apenas quase duas décadas depois da sua morte o cálculo foi confirmado, como acontece com quase todas as grandes descobertas. Pois bem, preparem-se para recordar o meu nome daqui a uns anos. Sim, fiz uma grande descoberta! Descobri a velocidade da transmissão de informação da vida privada de terceiros por empregadas de limpeza. Atenção, tenho todo o respeito por esta profissão, que é tão digna quanto qualquer outra. Excepto, obviamente, quando estas profissionais transmitem informação da minha vida privada. Também não quero ser acusado de machismo, como aconteceu ao Gerrard aí há uns dias, por isso devo também dizer que não tenho nenhum preconceito relativamente à ocupação desta profissão por homens, desde que não seja eu, claro. Mas só porque não gosto, não que veja nisso algum problema.
Bom, dito isto, voltemos ao que interessa. Toda a gente sabe que uma "novidade" é revelada pela senhora da limpeza "em menos de nada". Mas quanto é "menos de nada"? Esta é a questão. Apesar de ser um fenómeno muito antigo e sobejamente conhecido, nunca ninguém o quantificou. Até hoje, porque eu descobri a resposta. Eis a fórmula:

velocidade = c + (e^-a)*n
c = velocidade do som, determinada pelo dinamarquês; a = constante de afinidade por ti; n = número de coisas desarrumadas em cima da mesa.

Parece complicada? Não é. Vejamos.
Podem desde já verificar que a velocidade com que a senhora da limpeza conta coisas sobre ti é, no mínimo, igual à velocidade do som. O que é tão interessante como fácil de perceber: se os termos seguintes se anularem, a informação propaga-se à mesma velocidade com que é dita, de viva voz, ao próximo. Ou aos próximos 10, se estiverem todos junto à máquina do café.
No entanto a velocidade pode tomar valores tanto maiores quanto menor é a constante de afinidade da senhora da limpeza por nós e quanto maior é o número de coisas desarrumadas em cima da mesa que ela deve limpar. Note-se que o efeito da afinidade é exponencial. Se ela não gostar de ti, nem que seja só um bocadinho, já foste. Não menos considerável é o efeito do número de coisas desarrumadas em cima da mesa, não só porque as irrita como aumenta a probabilidade de encontrarem coisas sobre nós. Devo dizer que testei esta fórmula exaustivamente no que respeita ao número de coisas espalhadas em cima da mesa, desde 0 (o trabalhão que me deu arrumar aquilo tudo...) até "não se vê o tampo da mesa" e essa parte da equação é exacta! Já na parte da afinidade posso admitir algum desvio do valor real, uma vez que nunca consegui uma estimativa melhor do que um termo binário, gosta ou não gosta de mim, que é basicamente 1 se ela me diz "bom dia" ou 0 se passa por mim como se eu não existisse e deixa cair levemente o pano no cantinho da minha mesa, como quem diz "não arrumes isso, não... 'tás cá com uma sorte".
Eu acho-lhe uma graça...!