segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Ricos pais

Qual é o melhor negócio do Mundo?
OK... esse também. Mas estou a pensar em negócios legais. Coisas para bebés. Comida, roupa, calçado, brinquedos, etc. Vocês já pensaram na relação custo/[tempo de vida; rendimento; número de utilizações; utilidade]? É mais baixa que a probabilidade de acertar no Euromilhões. E não dá para fazer sociedades. No vestuário e calçado, como é que seria? "Olha, compramos estes sapatinhos para os bebés, depois se servir o meu usa o esquerdo, o teu usa o direito"?! Sim, se servir. Estima-se que metade do calçado e roupa para bebés nunca chega a servir ao destinatário. (Quem é que estima? Eu. Mas esta expressão dá um ar profissional à coisa.) E os próprios pais é que fazem subir esta média, porque se considerarmos apenas ofertas de terceiros, então é practicamente zero. Mesmo os pais, é uma lotaria. Eu aposto que se comprarem duas camisolas iguaizinhas e vestirem uma ao bebé de manhã antes de ir para a creche, quando forem buscá-lo à tarde a outra já não lhe serve. A que vestiram de manhã serve mas o bebé já vem com os punhos das mangas nos cotovelos a fazer garrote e com a barriga à mostra, com a camisola por cima do umbigo. Eu, já para não haver confusões, quando tenho que comprar coisas para bebés ofereço sempre tamanho M. Depois digo "É um bocadinho grande? O tempo passa a voar, vais ver.". E mesmo que só lhes sirva aos 15 anos, podem sempre usar mais tarde, os fatos-treino pele de pêssego nunca passam de moda. Safo-me sempre.
Comida. Maior desperdício de sempre. De uma panela de sopa deve-se aproveitar umas 3 ou 4 colheres. O resto vai tudo direitinho para o babete ou para a camisola. Se for ao almoço... Se for à noite já cai na barriga.
Brinquedos. Duram menos que as casas pré-fabricadas dos Haitianos. Uma vez fui a uma festa de aniversário de um bebé e levei um livro daqueles que quando as páginas abrem abrem-se também uns animais em 3D, com umas esculturas em cartão. Todo bonito, e tal. Abri, e ia mostrar ao bebé. Mas era uma festa. Tinha outros bebés e crianças. Ainda o aniversariante não tinha olhado para o livro, já um dos amigos dele tinha arrancado os elefantes e os leões da Arca de Noé. Conclusão, aquela mini-pessoa vai nunca vai saber como é que os elefantes e leões chegaram aos dias de hoje! E ainda ficaram chateados comigo só porque disse ao bebé que arrancou aquilo que agora ia ter que colar aquilo tudo com a língua. Enfim... Agora ofereço só caixas embrulhadas em papel colorido. É mais barato, vai dar ao mesmo, e de qualquer maneira eles só querem rasgar o papel.
Mas o pior, é que é tudo caríssimo. É para bebé? Sobre o preço em 75%. Em promoção! Se for equipamento de segurança então... como aqueles meus amigos que foram comprar uma cadeirinha de transporte no carro a achar que conseguiam fazer um bom negócio. "Se calhar levo esta cadeirinha de transporte, parece-me igualmente boa e é mais barata." - "Tem a certeza? Olhe que esta é mais cara por alguma razão. Isto é outra coisa, não tem nada a ver. E está com 50% de desconto.". O que é que isso quer dizer?! Porque é que não tem nada a ver? Tecnicamente é melhor? É pior? Porquê... Porquê!? É outra coisa? Pois claro que é, isso vê-se. Seria muitíssimo estúpido pedir mais 500€ por uma cadeirinha igual a outra. Em promoção!! Mas se esta custa um balúrdio é porque deve ser melhor. Ainda por cima tem este desenho vermelho aqui de lado e o revestimento cinzento em vez de azul, deve ser muito melhor, realmente! "Pronto, é para a bebé, levo a melhor.". Passado duas semanas, a bebé continua a conseguir desenfiar os braços dos cintos e esgueirar-se da cadeira. Vão à loja, humildemente perguntar "Olhe, se calhar somos nós que estamos a fazer alguma coisa mal... mas como é que a caderinha funciona? A bebé continua a conseguir sair da cadeira sozinha..." - "Pois, já tem acontecido. O melhor é ensinar o bebé (de 9 meses) a não tirar os braços de dentro dos cintos.". Ai é? É assim tão fácil?! "Mas não se preocupe, se não conseguir, a cadeirinha funciona perfeitamente com esta peça extra que vendemos separadamente por mais 10€.". A sério?! É isso que resolve? Se eu soubesse que era só ensinar um bebé de 9 meses a estar quieto e não tentar sair de uma cadeira que está a prendê-lo, ou que aquilo funciona com uma peça que prende os cintos um ao outro, se calhar tinha levado uma mais barata e ia aos chineses comprar um fio para prender os cintos ou assim. "Esta que custa metade do preço também acontece, mas a peça resolve na mesma. Mas não é a mesma coisa. Esta não tem nada a ver.". Se calhar a nova versão já vem com a peça incluída, mas pelo dobro do preço, claro. Em promoção.
Eu acho-lhe uma graça...!

terça-feira, 13 de junho de 2017

Mach Vileda

Há 341 anos o astrónomo dinamarquês Ole Romer determinou a velocidade da luz, ao estimar os eclipses de uma lua de Júpiter. A descoberta foi controversa e apenas quase duas décadas depois da sua morte o cálculo foi confirmado, como acontece com quase todas as grandes descobertas. Pois bem, preparem-se para recordar o meu nome daqui a uns anos. Sim, fiz uma grande descoberta! Descobri a velocidade da transmissão de informação da vida privada de terceiros por empregadas de limpeza. Atenção, tenho todo o respeito por esta profissão, que é tão digna quanto qualquer outra. Excepto, obviamente, quando estas profissionais transmitem informação da minha vida privada. Também não quero ser acusado de machismo, como aconteceu ao Gerrard aí há uns dias, por isso devo também dizer que não tenho nenhum preconceito relativamente à ocupação desta profissão por homens, desde que não seja eu, claro. Mas só porque não gosto, não que veja nisso algum problema.
Bom, dito isto, voltemos ao que interessa. Toda a gente sabe que uma "novidade" é revelada pela senhora da limpeza "em menos de nada". Mas quanto é "menos de nada"? Esta é a questão. Apesar de ser um fenómeno muito antigo e sobejamente conhecido, nunca ninguém o quantificou. Até hoje, porque eu descobri a resposta. Eis a fórmula:

velocidade = c + (e^-a)*n
c = velocidade do som, determinada pelo dinamarquês; a = constante de afinidade por ti; n = número de coisas desarrumadas em cima da mesa.

Parece complicada? Não é. Vejamos.
Podem desde já verificar que a velocidade com que a senhora da limpeza conta coisas sobre ti é, no mínimo, igual à velocidade do som. O que é tão interessante como fácil de perceber: se os termos seguintes se anularem, a informação propaga-se à mesma velocidade com que é dita, de viva voz, ao próximo. Ou aos próximos 10, se estiverem todos junto à máquina do café.
No entanto a velocidade pode tomar valores tanto maiores quanto menor é a constante de afinidade da senhora da limpeza por nós e quanto maior é o número de coisas desarrumadas em cima da mesa que ela deve limpar. Note-se que o efeito da afinidade é exponencial. Se ela não gostar de ti, nem que seja só um bocadinho, já foste. Não menos considerável é o efeito do número de coisas desarrumadas em cima da mesa, não só porque as irrita como aumenta a probabilidade de encontrarem coisas sobre nós. Devo dizer que testei esta fórmula exaustivamente no que respeita ao número de coisas espalhadas em cima da mesa, desde 0 (o trabalhão que me deu arrumar aquilo tudo...) até "não se vê o tampo da mesa" e essa parte da equação é exacta! Já na parte da afinidade posso admitir algum desvio do valor real, uma vez que nunca consegui uma estimativa melhor do que um termo binário, gosta ou não gosta de mim, que é basicamente 1 se ela me diz "bom dia" ou 0 se passa por mim como se eu não existisse e deixa cair levemente o pano no cantinho da minha mesa, como quem diz "não arrumes isso, não... 'tás cá com uma sorte".
Eu acho-lhe uma graça...!

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Não és homem nem és nada

Eu ainda sou do tempo em que a corrupção se fazia sem dinheiro, entre homens! Não havia cá notas por baixo da mesa, vouchers para restaurantes gourmet ou contas na Suíça em nomes de (grandes!) amigos. Se alguém precisava que um amigo fizesse alguma coisa, normalmente uma asneira das grandes (ou seja, o motivo mantém-se), bastava proferir a mítica e inexorável afirmação retórica "não és homem, nem és nada!", e estava feito. Podia ser a coisa mais estúpida, mais imbecil, mais perigosa, mais desonesta, mais reprovável... se alguém ousasse dizer estas palavras, era certinho que o amigo ia fazê-lo. Pela honra, claro! Como hoje. Só que na altura tínhamos 14 anos e fechar o amigo todo nu fora de casa não fazia assim tanto mal aos outros.
Eu acho-lhe uma graça...!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Facebook, o pior amigo dos aniversariantes

O Facebook definitivamente veio mudar o Mundo. Em muitas coisas, para melhor. Mas noutras, para bem pior, como no caso dos aniversários. Se eu nunca soube o que fazer quando me cantam os Parabéns, uma questão que aliás já discuti publicamente, hoje em dia nem sequer sei o que pode acontecer no meu dia de anos. Antes do Facebook recebíamos telefonemas da família e de dois ou três amigos, algumas SMS, e calduços de todos os colegas da turma, tantos quantos o número de anos completados. Eram bons tempos...! Depois do Facebook, isto mudou. Continuamos a receber telefonemas da família, e ainda bem. Quem não gosta do telefonema da avó a dar os Parabéns, ano após ano a dizer "ai filho, parece que foi ontem que nasceste...", e sobretudo, quem não gosta de saber o tempo que fez na terra da avó na semana inteira antes do seu dia de aniversário?! Mas há coisas novas. Por exemplo, recebemos na mesma o telefonema da mãe, mas já depois dela partilhar com toda a gente fotografias nossas de quando éramos pequenos no Facebook. O que é muitíssimo perigoso. Se há anos em que calha a partilhar uma fotografia de nós quando éramos bebés, estamos safos. Dezenas de likes e comentários "Ah, que fofinhos. Parabéns pelos amores maravilhosos, e tal... </corações; beijinhos; trevos de 4 folhas>". Mas às vezes calha-nos a partilha de fotos de quando tínhamos por exemplo 14 anos... e aí a nossa reputação leva uma tareia das antigas. Uma vez tive que bloquear comentários de amigos durante 15 dias! O mais simpático devia ser "Parabéns... por teres sobrevivido a ti próprio </chorar de rir; língua de fora; sorriso com óculos escuros>".
Eu acho-lhe uma graça...!

sábado, 21 de janeiro de 2017

MALTA ONDE É QUE VAMOS?! Para casa, claro...

Todos sabemos que os festejos de aniversário com amigos não podem acabar no final do jantar. É quase obrigatório ir beber um copo a algum lado. O problema é quando chegas aquela idade em que os teus amigos, mais ou menos da mesma idade, já não querem ir beber copo nenhum, querem é ir para casa beber água das pedras e dormir. Mas ninguém diz! Vão pagando e tal, vão vestindo os casacos, o aniversariante sempre a pedir sugestões para a próxima paragem da malta "ENTÃO PESSOAL, ONDE É QUE VAMOS A SEGUIR?!", normalmente já em tom de 2 jarros de sangria... e tudo caladinho. Vão saindo, todos atrás do mais desesperado por ir para casa vestir o pijama e calçar as meias grossas. Mas como ninguém quer assumir que já só quer é mantas, ficam todos à porta. A conversar, a queixar-se do frio, a comentar em tom disfarçadamente ansioso "Epá, já são estas horas...". Toda a gente percebe o que quer dizer isto, não é... Excepto o aniversariante! Chega, sem frio nenhum, e continua a sua cruzada "MALTA, TUDO PARA O SÍTIO DO COSTUME!" (aquele bar onde costumavam ir quando ainda não tinham esta quantidade de primaveras nos ossos). Até que o primeiro corajoso dá o corpo às balas "Olha, eu não vou... Hoje passo." e leva imediatamente com a rajada mais crente do aniversariante "O QUÊ?! AI VAIS, VAIS! NINGUÉM ABANDONA. VAMOS LÁ". Não percebe que não só a batalha está perdida, como metade das tropas vai aproveitar e bater em retirada. É vê-los uns atrás dos outros, quase como se tivessem tirado a senha do adeus, "Pronto, nós também vamos. Amanhã temos que acordar cedo" e o aniversariante cada vez mais descrente, mas sempre inconformado "OUTRO?! VÁ LÁ, SÓ UM BOCADINHO...". Até ficar só o aniversariante, a companheira, que também quer ir embora mas sabe que tem que ficar até ao fim para levar o carro, dois ou três amigos que beberam o resto da sangria e não têm frio, e o mais novo do jantar, que tem uns 20 anos e vai com eles mas já a mandar mensagens aos outros amigos novos a perguntar onde é que estão para ir ter com eles.
Tenho um conselho para a malta que já tem que passar por isto. Não fiquem para o fim da fila, as desculpas começam a ser cada vez menos credíveis e já toda a gente percebeu que vão para casa dormir como os outros que não têm nada para fazer "amanhã" cedo. Mesmo que seja verdade quando dizem "amanhã tenho que ir fazer análises", já houve três ou quatro que disseram isso primeiro.
Eu acho-lhe uma graça...!

sábado, 7 de janeiro de 2017

Natal é doces, Natal é convívio, Natal é alegria

Ontem foi dia de Reis, parece que o Natal acabou.
Deixo aqui o meu top de respostas à minha pergunta "Então o teu Natal foi bom?":

1. (Com cara triste...) A minha avó não sabe fazer arroz doce. (Homem, ~9 anos)

2. Estive com a minha prima, ela só vem cá cerca de 2 vezes por ano - Onde é que mora a tua prima? No Brasil? - Não, em Aveiro. (Homem, ~6 anos)

3. Uma merda. (Mulher, ~27 anos)

Tive pena dos 3...!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O novo Presidente de mercúrio

O nosso Presidente foi dar o primeiro mergulho de 2017 no primeiro dia do ano, na mesma praia em Cascais, onde tinha estado no dia anterior, último dia do ano, para o último mergulho de 2016. A imprensa sublinhou coisas inúteis como "em outros anos teve a companhia dos filhos mas este ano deu um mergulho sozinho", "chegou a falar em alemão com alguns turistas" ou "não recomendou a tradição a ninguém"... e não houve uma única referência ao super-poder de Marcelo Rebelo de Sousa, o de medir a temperatura da água com exactidão até às décimas, sem recurso a qualquer instrumento. Pior, ninguém reflectiu sobre as implicações que isto traz para o emprego em Portugal. Que não me parecem as melhores! Quando lhe perguntaram como estava a água, Marcelo respondeu "está mais quente que ontem, ontem estavam 14.7º, mas eu não acho que esteja 16.1º, acho menos". Portanto, sente uma diferença de temperatura inferior a 1.4º. Marcelo é practicamente um termómetro humano. Entra na água, dá duas braçadas, e arrasa o trabalho de meia dúzia de colaboradores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Sim, porque quando descobrirem que o Marcelo só precisa dos pêlos do peito, em princípio, para fazer o que essa malta faz com equipamentos caríssimos... e ainda por cima falham sempre! Pela amostra, o casamento de Marcelo com o Governo é coisa do ano passado (cá está, a piada-cliché na referência a algo que aconteceu 1 dia ou 2 depois da passagem de ano e portanto já não acontecia desde o ano passado).
Eu acho-lhe uma graça...!