segunda-feira, 21 de abril de 2014

Caixa d'óculos

Hoje em dia há cada vez mais gente a usar óculos.
Uns porque vêem mal, outros porque está na moda e acham 'cool' usar óculos... a verdade é que muita gente usa. E, inevitavelmente, para todos chega o dia em que deixam de se importar com a limpeza dos óculos, mais cedo ou mais tarde.
Nos primeiros dias é vê-los com a caixinha dos óculos atrás, aquela toda mariconça, onde guardam cuidadosamente os óculos sempre que os tiram, bem dobradinhos, qual peça de bijuteria de valor inestimável. E quando os utilizam, a caixinha transforma-se no melhor amigo dos caixa d'oculos caloiros. Parece quase uma daquelas maletas dos investigadores do CSI, com luvas de latex, sprays de limpeza e panos de camurça impecavelmente acondicionados e limpos. De meia em meia hora é vê-los sacar do frasquinho do spray de limpeza, mandar 1 borrifadela em cada lente, de cada lado, e de seguida passar entre 3 a 5 minutos a esfregar com o paninho de camurça, até terem a certeza de que não há vestígios de impurezas nas lentes. E se por acaso, antes da próxima meia hora passar, calha a prender-se uma pestana ou um grãozito de poeira numa lente, toca de sacar do spray e do paninho, ou do segundo paninho, no caso do primeiro ainda estar ligeiramente húmido.
Isto é tudo muito bonito para quem usa óculos há 2 ou 3 dias, e pensam que vão tratar os óculos dessa forma a vida toda, que não custa nada e tal... Mas a verdade é que na 2ª semana o spray é substituído pelo belo bafo nas lentes, até ficarem suficientemente embaciadas, e o paninho é substituído pela t-shirt, ou pela manga da camisola. Os 5 minutos de esfrega passam a 15 segundos, só para tirar o maior e 'tá a andar...
A partir da 3ª/4ª semana (é variável, há muita gente esquisita por aí) os óculos deixam de ser limpos. Às páginas tantas temos um amigo a dizer "mas tu consegues ver alguma coisa com esses óculos?!" só porque as lentes parecem o vidro de uma cozinha dos chineses, cheias de gordura e pêlos de cão. E depois? Ainda se consegue ver razoavelmente em cerca de 13% da área da lente, está bom! Se estiver mesmo muito mal, manda-se 2 baforadas e siga.
Ai não custava nada limpar os óculos de vez em quando? Experimentem andar com aquela caixinha mariconça sempre atrás para ver o jeito que dá... eu acho-lhes uma graça!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O truque da azeitoninha

Certamente já toda a gente passou pela situação de estar num restaurante em que a comida não é servida empratada mas sim distribuída prato a prato pelo empregado, pela esquerda do cliente se o empregado for destro, o que acontece em 95% dos casos.

Por vezes estamos com pouca vontade de comer, ou achamos que não devemos comer muito naquela refeição, ou não gostamos muito do prato que está a ser servido (isto acontece muito em casamentos, rodízios, etc) e pedimos ao empregado só "só um bocadinho para provar".
Meus amigos, isto é o que todo o empregado de mesa quer ouvir!
Imediatamente o empregado pega na porção mais pequena possível do que está na travessa e põe no nosso prato, largando de seguida um sarcástico "chega?", acompanhado de um sorriso triunfal.
Se o prato contém batatas fritas escusado será dizer que ele vai servir-nos só uma batata, a mais pequena da travessa. Pratos com azeitonas é o preferido deles, uma azeitoninha isolada e triste no meio do prato tem um efeito monumental no sucesso desta piada. Os mais habilidosos arriscam até um par de grãos de arroz, mas isto já não é para todos.

É engraçado, confesso. Das primeiras 3 ou 4 vezes. Mas o que acontece é o seguinte:
Esse é o caso para o empregado. A não ser que seja um cliente de longa data (e esses não pedem só bocadinhos para provar), qualquer cliente "novo" que o peça vai levar com a azeitoninha, porque para o empregado é a 1ª ou 2ª vez que serve esse cliente. Só que esse cliente pode já ter sido alvo do truque da azeitoninha milhões de vezes antes. Sim, porque o truque da azeitoninha é como o doce da casa, é igual em todas as casas!
O que eu sugiro é virar o feitiço contra o feiticeiro. Como? Simples. Basicamente o procedimento tem 3 passos:
  1. Se não for num casamento, pedir um prato que tenha na sua constituição, batatas fritas, arroz ou pelo menos azeitonas.
  2. Esperar tranquilamente que o empregado venha com a travessa para a nossa esquerda e pedir educadamente "dê-me um bocadinho só para provar, sff".
  3. Assim que ele solta o sorriso triunfal, depois de ter posto a azeitona sozinha no meio do prato, responder com um "está bom, obrigado" e devolver um sorriso tão grande ou maior que o dele.
Nível avançado: no passo 3. responder com um "está bom, obrigado, mas troque-me esta azeitona por aquela mais pequenina por favor".

E é vê-lo a voltar para a cozinha em passo acelerado, tentando manter a travessa equilibrada nas mãos escorregadias do suor gerado pelo calor que a fúria provoca e praguejando por dentro como se não houvesse amanhã.
Experimentem.
Eu acho-lhes uma graça...!