sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

És o meu amigo secreto? Ah, eu já sabia!

Nesta época natalícia multiplicam-se os jantares e convívios de Natal, nas mais variadas formas. Há sempre uma semana ou duas em que é difícil arranjar uma noite/serão para fazer alguma outra coisa porque "ah... já tenho um jantar de Natal nesse dia". Há o jantar da empresa, o jantar da escola, o jantar dos amigos da Faculdade, o jantar  da escola dos filhos, o jantar dos amigos da aldeia, todos com o pretexto do Natal. E por isso mesmo, por serem jantares de Natal, muitos deles têm características em comum, entre as quais a de jantar com um barrete de Pai Natal na cabeça, e a de fazer uma troca de prendas mais ou menos simbólicas. Dentro desta característica dos jantares de Natal, muitos têm a troca de prendas feita sob as regras do "amigo secreto", em que cada pessoa só sabe a quem irá dar a prenda e nada mais, não sabe de quem vai receber a prenda nem quais são as outras trocas. Isto é, a maior parte das pessoas não sabe, porque há sempre aquele amigo que descobre logo tudo... anda ali um mês inteiro atento a todos os pormenores, a fazer perguntas indiscretas e raciocínios dignos de um autêntico detective, na ânsia de descobrir exactamente a quem vão entregar a prenda todos os outros participantes do jantar de Natal. "Para que é que estás a tirar essa fotografia à Ana...?", "Como é que descobriste que o Gilberto gosta de fotografia, hein?", "Porque é que te interessa se o João andou no D. Maria ou na Pedrulha?", "Essa cartolina verde é para desenhares o quê...?", "Porque é que tens as mãos azuis? Andaste a pintar alguma coisa?!"... é um "amigo secreto", NÃO é suposto descobrir-se logo tudo!
Mesmo assim, ainda há muita gente continua a não saber quem é o seu amigo secreto até à data do jantar, como aliás é suposto. Mas só até ao momento em que o amigo secreto divulga o seu nome. "Ah, eu sabia!!". Claro, claro que sabias. Depois de o amigo secreto divulgar é fácil saber! "Não, a sério, eu já sabia, pela forma como tu olhaste para mim! E eu achava que eras tu o meu amigo secreto". É engraçado, ou apenas coincidência, que tanta gente se aperceba de um olhar revelador ou tenha uma intuição casual no mesmo dia, em todos os jantares de Natal... 95% das pessoas não faz a mínima ideia de quem é o seu amigo secreto, mas quando o amigo secreto diz o seu nome, "Eu vi logo! Eu já sabia!".
Eu acho-lhe uma graça...!

sábado, 18 de outubro de 2014

A Física e a(s) luz(es)

Quem terá sido o iluminado que descobriu aquela lei da Física que diz que "quando o teu carro está óptimo e vais ao mecânico, na verdade o carro está todo podre"?
Como todos sabemos, mais cedo ou mais tarde o nosso carro vai ter problemas. E tanto pior quanto mais forem as luzes que tiver para acender no painel. Antigamente o carro só estava avariado quando deixava de andar, e aí era a altura de ir ao mecânico. Agora, é tudo electrónico, há avisos para tudo e mais alguma coisa, e está sempre a acender uma luz qualquer. E o pior é que ninguém sabe o significado da grande maioria das luzes. Mas muita gente fica logo aflita "Ai, acendeu-se uma luz! Tenho que ir já ao mecânico ver o que é que está avariado!". E assim fazemos, na primeira oportunidade vamos ao mecânico mostrar o problema, UMA luz. Mas o carro funciona perfeitamente, não faz barulho, não se engasga, nada. Está tudo normal, excepto uma luz acesa no painel. Chegamos à oficina, desligamos o carro e vamos falar com o mecânico. Que sorte, ele tem 5 minutos para fazer um pre-diagnóstico. O mecânico entra no carro, liga o carro e acende-se não uma, não duas, mas pelo menos uma meia dúzia de luzes no painel. Até parece que o carro acabou de chegar de uma prova no meio do mato. "Mas olhe que ainda agora, até chegar aqui, só se acendia a luz amarela do lado direito, e o carro funciona perfeitamente". "Ah, pois, mas olhe que é melhor ter cuidado com estes avisos. Tem aqui avisos de anomalias no motor, direcção, carroçaria, uma a dizer que não limpa convenientemente os estofos de cabedal e outra a dizer que o rádio passa demasiado tempo sintonizado na Rádio Renascença. É aconselhável ver isto o mais rapidamente possível, antes que seja pior". E claro, a custo lá dizemos ao mecânico para arranjar o carro assim que tiver uma vaga. Felizmente ele tem uma vaga imediatamente. "Volte daqui a uma horita que deve estar pronto.". Claro... como se ele não soubesse que é só desligar aquelas luzes todas e está resolvido!
Eu acho-lhe uma graça...!
E depois há o inverso dessa lei da Física, que diz que "quando o teu carro está todo podre e vais ao mecânico, o carro está óptimo".
O carro engasga-se a toda a hora; não passa dos 40Km/h, mesmo que o motor faça 5000rpm; os travões parecem daqueles de calços, das bicicletas Orbita; a embraiagem patina por todo o lado; faz um barulho que parece um comboio; e faz  mais fumo que uma incineradora. "Epá, qualquer dia fico a pé. É melhor ir já ao mecânico". Chegamos lá, e obviamente o mecânico está muito ocupado (a desligar umas luzes num carro que está óptimo, aposto). Mas podemos esperar uma horita que ele já nos atende. Passado já quase hora e meia, vem o mecânico ter connosco. "Então vamos lá dar uma voltinha nisto para ver o que se passa". Entramos no carro, ele liga o carro e... nada. O carro parece óptimo, não há luz nenhuma acesa. "Isto parece estar tudo em ordem, mas vamos dar uma voltinha para ter a certeza". Começamos a andar, e por onde quer que passemos, seja estrada plana, subidas, ou mato, o carro funciona na perfeição. Não há barulhos, não há fumo, a embraiagem e os travões estão afinadíssimos, a direcção alinhada, e o rádio apanha todas as estações sem problemas, incluindo a Renascença. Voltamos à oficina. "Pronto, está tudo bem. Nem lhe vou cobrar nada". Ufa, pelo menos desta safámo-nos. Saímos da oficina todos contentes, afinal não se passa nada de errado com o carro. Até estarmos quase a chegar a casa. O carro começa a engasgar-se, começa a deitar fumo por todo o lado, uma barulheira que parece um comboio e pára... no meio da estrada! Depois de toda a trapalhada com colete, triângulo, buzinadelas e etc., chegamos à oficina no reboque, com o carro atrás, e... o carro tem as luzes todas acesas. "É melhor ver isto rapidamente, antes que seja pior".
Eu acho-lhe uma graça...!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Que horas são?

Já dizia o Einstein, aquele físico alemão de bigode, que o tempo é relativo. E de facto é.
E nem sequer é preciso grandes contas para demonstrar a teoria. Basta ir a um serviço de atendimento público.

Precisamos de ir à Segurança Social pagar qualquer coisa. Muito bem, a hora de encerramento é 16:30. Chegamos lá às 16:12, mais de 15 minutos antes da hora de fecho. O que vamos fazer não demora mais de 3 minutos. "Ah, desculpe mas fecha às 16:30. Já não podemos atendê-lo." - "Mas ainda não são 16:30, não fecha só às 16:30?" - "São praticamente 16:30, já fechou. Desculpe mas vai ter que voltar amanhã. Abrimos às 8:30."
No dia seguinte de manhã, chegamos lá às 8:25, para sermos dos primeiros a ser atendidos. Chegam as 8:30, a porta fechada. Passam 5, 10 minutos, nada. Às 8:49 a porta abre. "Então não abria às 8:30?" - "Sim, são praticamente 8:30. Quem está primeiro?"

Eu acho-lhe uma graça...!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O quase

Gosto bastante da chamada teoria  "do quase".
A teoria do quase é uma espécie de prémio de consolação auto-atribuído. É posta em prática sempre que acontece algo que, apesar de perfeitamente normal e justificável, é algo que não queríamos e que foi obra do azar ou da desconcentração, deixando-nos sempre à beira da vitória ou do sucesso... foi QUASE!
Jogamos no Euromilhões. Fazemos a nossa chave, cheios de confiança, e esperamos ansiosamente pelo sorteio. Sabemos perfeitamente que a probabilidade de acertar na chave completa é muito muito baixa, tendo em conta que temos que acertar simultaneamente em 5/50 números e ainda em 2/11 estrelas. No entanto, não deixamos de ficar completamente destroçados quando nos apercebemos que não acertámos nenhum número (exacto, nenhum), MAS... jogámos sempre em 3 ou 4 número ao lado! Foi QUASE! Jogámos no 18, saiu o 22... jogámos no 27, saiu o 25... jogámos no 1, saiu o 2... que azar! Escolhendo 5/50 números, qual é a probabilidade de sairem 5 números perto dos que escolhemos?!? Isto está enguiçado, de certeza!
Já ontem o Benfica também perdeu com um azar... participou num jogo de futebol, em que se defrontam 2 equipas que querem ganhar o jogo, e em que só há 3 resultados possíveis, e aconteceu um deles... o Benfica perdeu! Mas jogou mais ou menos... foi QUASE! Teve foi azar.
Já sorte teve o Sporting, que só perdeu 1-0. Imaginem que o Sporting jogou com uma equipa muito melhor, a equipa adversária teve muitas oportunidades e o GR do Sporting fez precisamente aquilo que lhe pagam para fazer e para o que ele treina todos os dias: defender... que azar. Logo desta vez que eu estava à espera de uma goleada das antigas. Mas foi QUASE!
Para fechar em beleza, vamos a um quiz e QUASE acertamos em meia dúzia (pelo menos) de respostas. Quase ficámos no pódio. Não ficámos, porque falhámos umas quantas, mas quase ficávamos... se tivéssemos acertado naquela que nos lembrámos depois de o jogo temrinar, e se tivéssemos escolhido a opção certa quando estávamos na dúvida entre duas, e se tivéssemos lido aquele livro, e se tivéssemos estudado melhor as serras e rios de Portugal... foi por pouco!
Basicamente correu tudo mal, não ganhámos o Euromilhões, o Benfica perdeu, o Sporting não foi humilhado, e ficámos abaixo de meio da tabela no quiz. Mas tudo isto injustamente, porque QUASE ganhámos tudo. É quase como se tivéssemos ganho.
Eu acho-lhe uma graça...
Este texto não foi escrito segundo o acordo ortográfico, nem enviado do meu iPad.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Nesse baile de Verão

Eu acho tudo muito bem, o beija-beija atrás da igreja e tudo  mais... mas há outras coisas de valor no bailarico de Verão. E disso ninguém fala... São coisas menores?
E o carismático jogo do prego, como é? Esse costume secular, em que cada um tenta espetar um prego de meio metro num tronco, por meio de uma martelada de cada vez, em que não é possível apontar ao prego. Um jogo em que o prémio é uma rodada de minis tem tudo para dar certo, seja ele qual for. No início é vê-los todos confiantes, escolhem bem o sítio para o próprio prego "ah, este é bom, aqui entra que nem manteiga". Pois claro... só é preciso acertar-lhe. Braço estendido, mão ao lado da perna, vai acima e abaixo num movimento só. "Ah, foi de esguelha!", "Como é que é possível?!", "Epá, isto hoje não vai lá...", "Pimba!!", "Ei, não vale apontar!!", "Isto e pegando-lhe o jeito, vocês vão ver...!", "Já está!!", "Ó Xico, dá aí mais uma mini, paga o Zé!". O Zé, ou aquele que ficar em último.  E isto repete-se até às tantas da manhã, numa maratona de marteladas, apesar de a partir do 3º jogo ser sempre "só mais este, mulher".
E a quermesse? É parente pobre? Porque é que o beija-beija há-de ser mais valioso que um pote de louça com 15 anos, cheio de pó, "muito bonito para pôr um raminho de flores"? Ou do que um caderno de capa preta, quadriculado, dos pequenos, tamanho A5? No caderno ao menos, se alguma coisa correr mal, arranca-se a página (a da frente a do fim, correspondente, que fica solta) e está o erro apagado. Se atrás da igreja alguma coisa correr mal, já não há volta a dar, já toda a aldeia viu e gritou "aperta aperta com ela".
E as bandas de qualidade? Aquelas que se começam a ouvir ao longe, mas que é preciso chegar ao pé do palco para ver e confirmar que é uma moça a "cantar" e não a matança de um porco, dos grandes! Metade das músicas começam e a reacção geral é "Que é isto?! Eu nem sequer conheço esta...". Calma, a música é conhecida. Aliás, as músicas são sempre as mesmas. Só que a interpretação é tão boa que é preciso chegar a parte do refrão para reconhecermos de que música se trata: "AH!! Afinal é esta!!".
E aquele personagem que entra em cena quando acaba a música popular e começa a "rockalhada"? Acham que é fácil aguentar tanto tempo aos saltos e às voltas, a abanar a cabeça, e ainda por cima com a camisa toda aberta, a prender-se o tempo todo na cara? Eu quero ver... se um dia destes este gajo falta ao baile com que é que o pessoal se diverte na hora da "rockalhada"?!
Eu acho-lhe uma graça...!
O que vale é que nesse caso haverá sempre o jogo do prego e a quermesse.



segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Os saldos

SALDOS!
Ah... essa época fascinante em que tentam convencer-nos de que podemos comprar tudo o que não comprámos durante o ano, mas por menos de metade do preço... é mentira!
Em cada montra há um cartaz enorme a anunciar descontos de 50%, 60%, 70% e mais... "ATÉ" meus amigos, "ATÉ"! Eu sei que este "até" é mais pequeno que as letras pequeninas dos contratos bancários, mas está lá. E faz toda a diferença. Todas as lojas têm os artigos ao mesmo preço, com 5% ou 10% de desconto em meia dúzia de artigos, no máximo. Então onde estão os 75% de desconto, perguntam vocês. Eu explico. Vão ao caixote das meias. No meio das meias todas está um par, e apenas um, com 75% de desconto. Normalmente são umas todas foleiras, uma de cada cor ou assim. Se forem ao caixote das meias e encontrarem esse par de meias em menos de 15 minutos farão parte dos 3% das pessoas mais inteligentes do Mundo, como naqueles e-mails em que nos desafiam a encontrar um C no meio de um monte de O's.
Encontram as meias, efectivamente com os 75% de desconto, e, surpresa...são o tamanho 58 e vocês calçam o 40/42. É a mesma coisa com as calças de ganga. Ah, estas aqui estão a um óptimo preço, em vez de 80€ custam SÓ 75€! "Olhe desculpe, queria experimentar o 42 destas calças por favor (não vou dar este dinheirão por umas calças, mas se me ficarem MESMO MESMO bem ainda penso duas vezes)" - "Muito bem, dê-me só um minuto que vou ao armazém ver se tenho" - é MENTIRA! Ele sabe que não tem. Ele nem vai ao armazém, vai só lá atrás fazer tempo para voltar e dizer "Peço imensa desculpa, já só temos do 58 para cima...".
Não faz mal, encontrei aqui umas calças muito parecidas, quase iguais, só que em vez de ter um botão preto a apertar tem um botão castanho, a imitar madeira, até fica mais giro. "E destas tem?" - "Está com sorte, dessas ainda temos muitas. Pode experimentar, esteja à vontade". Vais, experimentas: "São super confortáveis...". Olhas para o espelho: "UAU,! Ficam mesmo bem, são mesmo o meu número! Deixa cá ver o preço, deve ser o mesmo, são iguais...". MENTIRA! São da nova colecção, custam SÓ 160€.
SALDOS! Aproveita-se tanto!
Eu acho-lhes uma graça...!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Diz-me como esticas o pára-vento e dir-te-ei quem és!

Basta olhar um minuto em redor de uma praia cheia de gente para perceber que tipo de pessoa está atrás de cada pára-vento.

Há o arrumadinho, que fica stressado só de pensar em ir à praia e ficar cheio de areia nos... bolsos. Chega, com o pára-vento num saquinho de pano com um cordão perfeitamente enrolado a fechar a "boca" do saco e atado com um laço simétrico. A toalha dentro do saco de praia, devidamente dobradinha. Chega, escolhe uma zona o mais plana possível, pousa o saco da praia e o saco o pára-vento encostado ao saco, saca de um ancinho e põe-se a alisar a areia. Limpa pormenorizadamente uma área do triplo do que vai precisar para esticar o pára-vento e a toalha, só para garantir que não vento a bater em montinhos de areia ali a perto. De seguida estica o pára-vento, tão esticadinho que a areia a bater no pára-vento produz o som de uma harpa. Tem o cuidado de virar aquela aba inferior para o lado de fora e cobri-la de areia, distribuída homogeneamente ao longo de todo o pára-vento, sem esquecer a palmadinha para assentar e alisar essa camada de areia, não vá o som da harpa sair distorcido.

E há, claro, o desleixado. Leva a toalha à volta do pescoço, toda enrolada, e o pára-vento debaixo do braço, sem saco, e com os paus ainda cheios de areia da utilização anterior. Chega, atira a toalha para qualquer lado, e põe-se a espetar os paus do pára-vento. Cada um deles fica a uma distância diferente do anterior, uns mais enterrados que outros. O tecido do pára-vento fica todo engelhado, parece uma sanfona, e a linha superior do pára-vento não é horizontal e paralela ao chão mas sim um arco, de tal forma que a areia passa toda por cima do pára-vento, mesmo à altura do nariz do gajo. A solução seria estar sempre deitado, mas a areia também passa por baixo. Aquela aba inferior ficou metade virada para dentro e a outra metade virada para fora, com duas pazadas de areia mal distribuídas, mais parece aquelas portas de casa de banho dos centros comercias que não vão até ao chão, fica-se a ver os pés (e as calças) do pessoal ali por baixo. Não tem hipótese. Vai comer iogurte com areia.

Há ainda o distraído. Chega todo contente por ter a oportunidade de disfarçar um bocado o bronze da t-shirt e quer é esticar-se ao sol o mais rápido possível. Saca do pára-vento e estica-o todo apressado, até bem esticado e a formar o devido "U" em redor da toalha. Estica a aba inferior e manda uns pontapés na areia para cima, só para aquilo não levantar. Despe a t-shirt, pendura-a num dos paus do pára-vento, um dos das pontas, estica a toalha e espoja-se todo na sua toalha XXL, já antiga, oferta da Old Spice. Então repara que o vento vem precisamente do lado que está aberto. Esticou o pára-vento ao contrário e leva com a areia toda na testa.

E depois há o chico-esperto. Não leva pára-vento, só a toalha. Escolhe uma pessoa com um pára-vento grande e bem esticado, de forma a optimizar a área que este protege, e põe-se na direcção desse pára-vento. Mas para garantir que está mesmo protegido do vento e da areia põe-se o mais próximo possível do dono do pára-vento, como se estivessem ali na praia juntos e se conhecessem desde sempre. Normalmente quem se lixa é o arrumadinho. Ninguém o mandou alisar a areia para ele e para mais 2 toalhas.

Eu acho-lhe uma graça...!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Os nómadas

Pessoas normais:
Mulher - Vamos à praia. Tens tudo?
Homem - Tenho as toalhas. Já pus na mochila.
Mulher - E o protector?!
Homem - Esqueci-me...
Mulher - És sempre a mesma coisa, se não sou eu a pensar nas coisas...!

Nómadas:
Mulher - Vamos à praia. Já 'tá tudo?
Homem - Já puseste tudo no atrelado? Puseste a tenda grande, aquela de lona muito forte e pesadona, para não voar com o vento, como eu te disse? E os ferros enormes para pôr aquilo no ar que estão dentro daquele saco de pano grande?
Mulher - Pus, vi-me à rasca para acartar aquilo! Mas porque é que não levamos só o chapéu de sol e o pára-vento? Hoje nem está assim tanto vento, e essa tenda dá um trabalhão a montar!
Homem - São 7h mas, se formos já, às 9h está tudo montado. E põe também o chapéu e o pára-vento, para pôr à volta da tenda, a fazer de terraço. Dá jeito para pôr a mesa à hora de almoço. Levamos aquela maior, que a tua mãe vai connosco e na pequena ficamos apertados.
Mulher - Já está, e as cadeiras também.
Homem - Levas uma a mais para pousar os pés e aquela espreguiçadeira para dormir a sesta?
Mulher - Porque é que não dormes a sesta deitado no chão?
Homem - Custa-me muito a deitar e a levantar. A espreguiçadeira dá mais jeito. E põe lá as mantas para a gente pôr as cadeiras em cima. Se as pômos na areia enterram-se todas e fico todo torto. Põe também uma manta a mais para os cachopos jogarem às cartas em cima daquilo, senão a bater com as cartas atiram areia para todo o lado!
Mulher - As mantas também já levei. Puseste a televisão e o gerador?
Homem - Claro. Ainda por cima hoje vão estar na Gafanha e eu quero ver. O Xico Gordo é de lá, é bem capaz de aparecer o sacana.
Mulher - Até à hora de almoço acabo a camisolita para a tua sobrinha. Aquilo está quase. Levo aqui no saco das revistas a lã e as agulhas. Depois quando sair o barco podias lá ir ver se vem carapau para eu fazê-lo fresquinho para amanhã.
Homem - 'Tá bem. E hoje levas o quê?
Mulher - Frango assado com batatas cozidas. É o que está embrulhado em jornal. O resto é pão, iogurtes, uvas, pêssegos, uma torta de laranja que a minha mãe fez, um melão, água, coca-cola para os cachopos, e os remédios estão no açafate, cuidado ao tirar as coisas senão espalhas aquilo tudo.
Homem - E o vinho?
Mulher - Esqueci-me...
Homem - És sempre a mesma coisa, se não sou eu a pensar nas coisas...!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Os apanha-bolas

Quando se fala em bebés e crianças em geral, e das coisas menos boas que eles também trazem, toda a gente fala das noites mal dormidas, do dinheiro que se gasta em fraldas ou do dinheiro que custam os livros para a escola. Eu fico intrigado é com o facto (ainda sou do tempo em que não se confundia factos com vestuário desenhado por estilistas italianos) de ninguém falar daquele Verão (e também sou do tempo em que isto era com letra maiúscula) em que as crianças deixam de querer brincar exclusivamente com baldes e  fazer castelos de areia para querer jogar raquetes. É um erro comprar um par de raquetes de praia a crianças com menos de 10 anos sem irmãos. Eles vão querer jogar. Com quem? Exacto, com os pais.
Primeiro, é preciso ensiná-los a pegar na raquete. "Não é com as duas mãos filho..." é normalmente a indicação mais utilizada. Depois, mostrar-lhes como se começa. O pai pega na bola com a mão livre, larga-a um pouco acima da altura da cintura e com a raquete atira-a na direcção do filho. A bola cai no chão. "Vá, agora és tu filho". A criança baixa-se para apanhar a bola, a raquete bate na areia e salta da mão. A criança apanha de novo a raquete, mas como tem a bola na outra mão não consegue pegar na raquete em condições. Larga a bola e agarra a raquete com as duas mãos. É nesta altura que o pai faz a primeira intervenção, para ajudar o filho a pegar na raquete com uma mão. De seguida apanha a bola, põe-lha na outra mão e repete "Vá, agora és tu filho". A criança tem a bola na mão não dominante. O que é que acontece? Exacto. Atira a bola descontroladamente com toda a força para o ar, a bola sobe bem acima da altura dela, passa-lhe por cima da cabeça e cai atrás dela. Aqui o pai opta por intervir apenas verbalmente e diz-lhe "A bola está atrás de ti filho. Tens que atirar a bola ao ar com menos força". A criança apanha a bola e repete o processo umas 7 vezes, até conseguir acertar a primeira vez na bola com a raquete. A raquete sai-lhe disparada da mão. A sorte é que é mais pesada que a bola e cai ali perto. A criança apanha a raquete, o pai apanha a bola e recomeça. Atira a bola na direcção da criança, que não acerta na bola. E recomeça a criança. Mas a bola nunca vai na direcção do pai. Lá vai o pai, areia fora atrás da bola. E o processo repete-se até à hora em que acaba a digestão e já se pode ir à água. Se fizessem um daqueles mapas "hot zone" do espaço ocupado pelos 2 durante este período, a criança teria andado num raio de 1.5m e o pai teria pisado 1984 vezes todos os grãos de areia de um círculo com centro no filho e raio de 15m. Isto todos os dias, até quase ao final das 2 semanas de férias na praia, se o pai tiver paciência. Não é raro ao fim das primeiras 5 vezes ouvir-se um "Olha, vai pedir à mãe que te ensine, vai lá..."
Eu acho-lhe uma graça...!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Pontos de vista

"Ah... 'tá bem, não percebeste..."
O típico lamento daquele jogador de futebol ocasional, logo após mandar um estoiro na bola, na direcção de um espaço vazio, mas que ele considera alcançável por um colega de equipa, quando toda a gente vê que ninguém neste Mundo apanhava aquele "passe", antes de sair, sem ajuda de uma mota (e das potentes)! Eu percebi bem, percebi perfeitamente que fizeste um passe de m*rda e que queres convencer toda a gente que a bola só se perdeu porque eu não consegui antecipar o teu pensamento nem consigo correr a 983Km/h.

"Ai vale bujas?!"
Indignação típica daquele jogador de futebol ocasional, que detesta ir à baliza, que sempre que lá vai é frango atrás de frango, mas que não quer dar o braço a torcer e quer passar a imagem de que a bola só entrou porque ele não se aplicou a fundo, propositadamente, porque pensava que não valia rematar com toda a força. Escusado será dizer que os remates são pouco mais que frouxos, e que se ele não se desviasse com medo da bola era mais que suficiente para defender.

"Fogo, estou ali desmarcado há meia hora!"
Reclamação típica do jogador de futebol ocasional, que não se mexe para receber a bola dos colegas, mas passa o tempo todo atrás de um defesa, com o braço no ar a pedir a bola, julgando que a bola lhe pode ir parar aos pés por tele-transporte.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Diz-me como utilizas um agrafador e dir-te-ei quem és!

Toda a gente já passou por aquele desafiante momento em que tem que utilizar um agrafador para agrafar (quem diria) um conjunto de folhas de papel. Juntamos meia dúzia de folhas, sejam elas todas partes de um documento, sejam vários documentos independentes mas que dizem respeito ao mesmo assunto, e o passo seguinte é: "agora é só agrafar isto e já está".
Não está. Nunca é "só agrafar isto". Pelo menos nunca com esta leviandade que a expressão pode insinuar. Na verdade o sucesso do processo de agrafar um molho de folhas requer a concretização de uma quantidade de procedimentos intermédios, todos eles com potencial mais que suficiente para transformar o "só agrafar isto" num pesadelo.
Comecemos pelo princípio: "onde é que está o agrafador?". O agrafador nunca está num sítio prático. Eu acho que o agrafador é tão embaraçante que as pessoas depois de utilizá-lo atiram aquilo para os sítios mais recônditos do escritório, ou da casa, na esperança de não precisar de voltar a utilizá-lo nos próximos meses. Claro que após umas horas precisamos dele outra vez, e lamentamos não saber onde o pusemos. Mas lá o encontramos. O único agrafador que existe ali nas redondezas. O que é uma pena, porque o agrafador é daqueles minúsculos, daqueles para a escola primária, e precisamos de agrafar 20 folhas de papel todas juntas. E agora? Bem, agora vamos lá ver se estes agrafos anões dão para isto. Seguramos as folhas com uma mão, enfiamos o canto do molho de folhas na boca do agrafador e com a outra fazemos força para fechar o agrafo, o polegar em cima e o resto dos dedos em baixo. Bonito serviço, o agrafo ficou todo torto...! De um lado o braço do agrafo anão nem chegou a sair do outro lado do molho de folhas, e do outro saiu e ficou todo dobrado sobre si, em vez de ficar a abraçar as folhas. Temos que tirar este agrafo e tentar outra vez. O melhor é utilizar um daqueles instrumentos enigmáticos que parecem os dentes de um vampiro, que dizem que serve para tirar agrafos. Mas não me venham com coisas, ninguém tem uma coisa destas! Eu sei que a esmagadora maioria das pessoas usa um porta-minas, com aquela pontinha metálica por onde sai a mina. E resulta. Conseguimos tirar o agrafo, só com um arranhãozito ou dois nos dedos. E agora vamos lá tentar agrafar isto outra vez. Pousamos as folhas em cima de uma mesa, com o canto na boca do agrafador, mas desta vez espetamos uma murraça no agrafador. Espalham-se as canetas todas, a garrafa de água vira-se por cima do teclado do computador e o telemóvel esbardalha-se todo no chão, abre-se a tampa e a bateria sai disparada. Mas pelo menos agrafámos as folhas... Mentira! O agrafo desta vez nem furou as folhas, ficou todo encarquilhado ao cimo das folhas. No máximo fez um furito na primeira página.
Eu acho-lhe uma graça...!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Virado para a frente ou para trás?

Nos parques de estacionamento dos supermercados os lugares estão distribuídos em filas aos pares, sendo que um dos lados (normalmente a frente do carro) fica virado e encostado ao carro da outra fila e o outro lado (normalmente a traseira do carro) fica virado para a estrada.
E aquele pessoal que vai ao supermercado e estaciona o carro de marcha atrás, ou seja, com a mala virada para o carro de trás...?
Ai não? Não tem problema nenhum...?!
Então reparem no seguinte: não cabe um carrinho de compras entre dois carros estacionados lado a lado, muito menos cabe entre um carro e o carro de trás! Agora imaginem uma destas pessoas que estaciona com a traseira do carro virada "para dentro" a chegar ao pé do carro com um carrinho de compras (daqueles cujas rodas estão sempre viradas cada uma para seu lado) a abarrotar.
Os mais crentes ainda tentam passar com o carrinho das compras até à mala. Dão duas mocadas de um lado, duas mocadas do outro, e chegam à conclusão de que aquilo não passa. Mais quatro mocadas para sair e uns olhares comprometidos para ver se não vem lá o dono do carro do lado, deixa o carrinho no meio da estrada e vai abrir a mala do carro. Curiosamente, a mala nem sequer abre completamente porque os carros estão tão encostados que a mala a porta da mala, a meio, bate no carro de trás...! De qualquer das formas é vê-los a carregar sacos de compras de um lado para o outro, tantas vezes quantos os encontrões com as costelas nos espelhos retrovisores.
Tem cá uma graça...!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

As máquinas de pagamento automático

Uma farsa, é o que as máquinas de pagamento automático são!
Até custa a crer que um país que inventou a Via Verde e que tem um dos melhores sistemas de Multibanco do Mundo (mesmo sem ter dinheiro para poder usufruir de todas as suas potencialidades) tenha terminais de pagamento automático que funcionam, em dias bons, miseravelmente.
Quantos de vocês não chegaram já a um posto de abastecimento de combustível, com 8, 10 ou 12 bombas, e, com o intuito de demorar ali o menor período de tempo possível, pensam "é isso mesmo, vou utilizar a máquina de pagamento automático e assim escuso de ir lá para dentro para a fila para pagar"...? Enganam-se! A máquina de pagamento automático, que acabou de funcionar com o cliente anterior, vai devolver-vos aquele irritante "OPERAÇÃO ANULADA", já depois de introduzirem o cartão e o código. E lá vão vocês para a fila para pagamento, que entretanto tem mais 17 pessoas do que quando chegaram!
Seguem viagem, pela auto-estrada, e à saída não têm uma única caixa com uma pessoa humana, só máquinas de pagamento automático. Já conhecemos de trás para a frente a lenga-lenga: "EFECTUE PAGAMENTO" - e metemos o cartão Multibanco ou as moedas, todos lampeiros; "RETIRE CARTÃO" - já está, pensamos; "CARTÃO NÃO LIDO" - fod*-**!!
Eu acho-lhe uma graça!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Caixa d'óculos

Hoje em dia há cada vez mais gente a usar óculos.
Uns porque vêem mal, outros porque está na moda e acham 'cool' usar óculos... a verdade é que muita gente usa. E, inevitavelmente, para todos chega o dia em que deixam de se importar com a limpeza dos óculos, mais cedo ou mais tarde.
Nos primeiros dias é vê-los com a caixinha dos óculos atrás, aquela toda mariconça, onde guardam cuidadosamente os óculos sempre que os tiram, bem dobradinhos, qual peça de bijuteria de valor inestimável. E quando os utilizam, a caixinha transforma-se no melhor amigo dos caixa d'oculos caloiros. Parece quase uma daquelas maletas dos investigadores do CSI, com luvas de latex, sprays de limpeza e panos de camurça impecavelmente acondicionados e limpos. De meia em meia hora é vê-los sacar do frasquinho do spray de limpeza, mandar 1 borrifadela em cada lente, de cada lado, e de seguida passar entre 3 a 5 minutos a esfregar com o paninho de camurça, até terem a certeza de que não há vestígios de impurezas nas lentes. E se por acaso, antes da próxima meia hora passar, calha a prender-se uma pestana ou um grãozito de poeira numa lente, toca de sacar do spray e do paninho, ou do segundo paninho, no caso do primeiro ainda estar ligeiramente húmido.
Isto é tudo muito bonito para quem usa óculos há 2 ou 3 dias, e pensam que vão tratar os óculos dessa forma a vida toda, que não custa nada e tal... Mas a verdade é que na 2ª semana o spray é substituído pelo belo bafo nas lentes, até ficarem suficientemente embaciadas, e o paninho é substituído pela t-shirt, ou pela manga da camisola. Os 5 minutos de esfrega passam a 15 segundos, só para tirar o maior e 'tá a andar...
A partir da 3ª/4ª semana (é variável, há muita gente esquisita por aí) os óculos deixam de ser limpos. Às páginas tantas temos um amigo a dizer "mas tu consegues ver alguma coisa com esses óculos?!" só porque as lentes parecem o vidro de uma cozinha dos chineses, cheias de gordura e pêlos de cão. E depois? Ainda se consegue ver razoavelmente em cerca de 13% da área da lente, está bom! Se estiver mesmo muito mal, manda-se 2 baforadas e siga.
Ai não custava nada limpar os óculos de vez em quando? Experimentem andar com aquela caixinha mariconça sempre atrás para ver o jeito que dá... eu acho-lhes uma graça!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O truque da azeitoninha

Certamente já toda a gente passou pela situação de estar num restaurante em que a comida não é servida empratada mas sim distribuída prato a prato pelo empregado, pela esquerda do cliente se o empregado for destro, o que acontece em 95% dos casos.

Por vezes estamos com pouca vontade de comer, ou achamos que não devemos comer muito naquela refeição, ou não gostamos muito do prato que está a ser servido (isto acontece muito em casamentos, rodízios, etc) e pedimos ao empregado só "só um bocadinho para provar".
Meus amigos, isto é o que todo o empregado de mesa quer ouvir!
Imediatamente o empregado pega na porção mais pequena possível do que está na travessa e põe no nosso prato, largando de seguida um sarcástico "chega?", acompanhado de um sorriso triunfal.
Se o prato contém batatas fritas escusado será dizer que ele vai servir-nos só uma batata, a mais pequena da travessa. Pratos com azeitonas é o preferido deles, uma azeitoninha isolada e triste no meio do prato tem um efeito monumental no sucesso desta piada. Os mais habilidosos arriscam até um par de grãos de arroz, mas isto já não é para todos.

É engraçado, confesso. Das primeiras 3 ou 4 vezes. Mas o que acontece é o seguinte:
Esse é o caso para o empregado. A não ser que seja um cliente de longa data (e esses não pedem só bocadinhos para provar), qualquer cliente "novo" que o peça vai levar com a azeitoninha, porque para o empregado é a 1ª ou 2ª vez que serve esse cliente. Só que esse cliente pode já ter sido alvo do truque da azeitoninha milhões de vezes antes. Sim, porque o truque da azeitoninha é como o doce da casa, é igual em todas as casas!
O que eu sugiro é virar o feitiço contra o feiticeiro. Como? Simples. Basicamente o procedimento tem 3 passos:
  1. Se não for num casamento, pedir um prato que tenha na sua constituição, batatas fritas, arroz ou pelo menos azeitonas.
  2. Esperar tranquilamente que o empregado venha com a travessa para a nossa esquerda e pedir educadamente "dê-me um bocadinho só para provar, sff".
  3. Assim que ele solta o sorriso triunfal, depois de ter posto a azeitona sozinha no meio do prato, responder com um "está bom, obrigado" e devolver um sorriso tão grande ou maior que o dele.
Nível avançado: no passo 3. responder com um "está bom, obrigado, mas troque-me esta azeitona por aquela mais pequenina por favor".

E é vê-lo a voltar para a cozinha em passo acelerado, tentando manter a travessa equilibrada nas mãos escorregadias do suor gerado pelo calor que a fúria provoca e praguejando por dentro como se não houvesse amanhã.
Experimentem.
Eu acho-lhes uma graça...!

quinta-feira, 6 de março de 2014

O doce da casa

"Olhe desculpe, o que é que tem o doce da casa?"

Eu acho-lhes uma graça...!!
As pessoas ainda não perceberam que "doce da casa" não é um nome que identifica unívocamente uma sobremesa diferente em cada estabelecimento de restauração mas sim o nome da sobremesa, que é igual em todo o lado. Eu calculo que este facto ainda surpreenda muita gente mas é verdade, é sempre a mesma!
Ninguém cujos pais não sejam primos direitos chama o empregado e pergunta "o que é que tem a mousse de chocolate?" ou "o que é que tem o leite creme?"... não faz sentido. Toda a gente sabe que a mousse de chcolate tem chocolate, o leite creme tem leite e o doce da casa tem leite condensado, ovos, bolacha e natas.
Que quem inventou a sobremesa lhe tenha chamado "doce da casa" possa não ter sido muito feliz, é verdade... mas eu também conheço uma pessoa que é natural da localidade de Panascos e os outros não andam sempre a perguntar-lhe "olhe desculpe, que tipo de pessoas é que vive em Panascos?".
"Ah, que engraçado, a senhora chama-se Maria José... deixe-me perguntar-lhe, a senhora é homem ou mulher?". Isso, experimentem. Deve ser bonito. Tão bonito quanto perguntar ao empregado o que é que tem o "doce da casa"...
Se calhar, a pessoa que inventou o "doce da casa" fê-lo, vá, em casa e achou por bem dar-lhe o nome do local de criação. Isso não significa que a sobremesa mude de constituição de sítio para sítio. Eu quando fui a Inglaterra por acaso apresentei-me como John, ou em Itália como Giovanni? Era o que faltava!
Eu podia perfeitamente inventar uma sobremesa com farinha, ovos moles e gelado de baunilha e chamar-lhe "delícia de morangos do nordeste". É um nome.
"Ah, mas esse nome não tem nada a ver com a sobremesa". Ai não? Não é deliciosa, queres ver?
"Não" Ai não? Então come menos. Ou então pede um doce da casa.

terça-feira, 4 de março de 2014

As cedências de lugar

Nunca se sentem naqueles lugares reservados a pessoas grávidas, idosas ou com deficiência física nos autocarros. Aquilo são autênticos bancos de fuzilamento. Sim, fuzilamento. Senão vejamos:

Normalmente esses lugares são constituídos por 2 pares de bancos, logo à entrada do autocarro, frente a frente, formando uma espécie de espaço de convívio rodoviário. 
Se te sentas num desses lugares, estando os outros 3 ocupados começas logo por ser fulminado com aquele olhar (apenas o olhar, se tiveres sorte) de quem pensa "Olha-me este artolas! Preguiçosão, não pode ir 5 minutos em pé... deve estar muito cansado, coitadinho! Eu com a idade dele já tinha 11 filhos e andava a surribar de manhã à noite!"... e ai de ti que peças, mesmo que educadamente, se podem desviar ligeiramente as hortaliças para te sentares. O mais provável é transformarem o olhar fulminante numa sequência inesgotável de adjectivos pejorativos acerca da tua educação, humildade e civismo, talvez o menos mau sendo "estadulho". No limite, se tiveres o azar de te sentares num desses lugares, pedindo para desviarem as hortaliças e abrires ou fechares a janela levas logo dois calduços que nem sabes de que terra és!
E porquê? Obviamente porque tu não és nem idoso, nem grávido nem deficiente físico e por isso, mesmo que não esteja ninguém em pé, tu também não te podes sentar ali. É assim que funciona.
A tua única hipótese é seres o primeiro a ocupar um desses lugares. Nesse caso, quando chegarem mais "pretendentes" tu já estás sentado e não tiveste que pedir a ninguém para desviar hortaliças e já tiveste a oportunidade de abrir ou fechar a janela.
Mas não te iludas, os donos desses lugares vão chegar, mais cedo ou mais tarde, e vão ser sempre mais do que os lugares disponíveis nesse espaço. O melhor é levantares o rabinho e ires lá para trás, para outro lugar qualquer, sem abrir a boca, assim que não houver nenhum dos 4 lugares vago.
Se chega uma 5ª pessoa, grávida, idosa ou deficiente física, tu vais ter que lhe perguntar se quer sentar-se no lugar que estás a ocupar. E acredita, não vais querer passar por isto num autocarro...
"Bom dia. Sente-se aqui neste lugar por favor."
"Está a chamar-me velha?! Eu ainda me aguento bem das canetas! Se for preciso ainda lhe dou dois pontapés no rabo!! Olha que esta...!"
"Eu por acaso estou grávida?! Desculpe se não pareço uma top model anorética dessas que você deve passar a vida a procurar na internet, em vez de estudar!! Olha que esta...!"
"Deficiente deve ser você mas é da cabeça! Eu não sou inválido! Lá porque uso uma bengala já não consigo estar em pé, queres ver?! Olha que esta..."

Ah, e nem penses em manter-te sentado no mesmo lugar. Qualquer uma destas respostas tem implícito um "Desaparece-me da frente que eu quero-me sentar aí!"... eu acho-lhes uma graça!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A salada

Hoje de manhã ouvi o Ricardo Araújo Pereira falar nas pessoas que cortam parvamente o pão. Devo começar por dizer que partilho da mesma opinião e defendo até que essas pessoas deveriam ser obrigadas a comer pão de forma para o resto da vida!

Mas não posso deixar de fazer um comentário sobre as pessoas que servem a salada no mesmo prato da feijoada... mas o que é isto?!

Eu adoro salada, seja ela do que for, tenha ela o que tiver, desde que seja em modo de compatibilidade com o conceito de salada. Tomate, alface, cenoura, cebola, rúcula, queijo, azeitonas, cogumelos, milho, pinhões, frango desfiado, costeleta de novilho, etc... vai tudo bem.
Agora, misturar a salada com a feijoada, cheia de molho, mais quente que a água do chá, isso não! Aquilo fica tudo cozido. A alface fica a parecer esparregado, o tomate parece um diospiro, até o milho quase se transforma em pipocas... e nada disto vai bem numa salada!

Para aqueles que chegam ao fim deste texto confusos porque acham que "salada" é um sinónimo de "alface", só tenho uma coisa para vos dizer... mãe 'da Deus!!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

As faixas dos autocarros

A utilização que os motoristas de autocarros fazem das faixas de circulação para autocarros é engraçada...

Quando uma rua com duas faixas, uma de circulação normal e uma de circulação para autocarros, táxis e bicicletas, chega a uma curva ambas as faixas passam a ser faixas de autocarros. Sim, porque obviamente um autocarro não consegue fazer a curva sem ocupar as duas faixas. Até aqui tudo bem. Mas esse facto não dispensa os senhores motoristas de autocarros de terem cuidado com os carros ou motas que vêm na faixa de circulação normal! A faixa de circulação para autocarros não permite fazer uma curva ocupando totalmente a faixa do lado (a dos carros e motas) sem fazer pisca previamente assinalando que se vai ocupar aquela faixa e muito menos quando existem veículos nessa faixa!

Se um carro se coloca na faixa de circulação para autocarros porque eventualmente está próximo de uma saída à direita dessa rua é instantaneamente um maçarico que não sabe o código da estrada, leva com máximos durante 10 minutos, buzinadelas em ritmo bélico e claro, vai com o autocarro colado no vidro de trás até virar para a direita.

Se um autocarro vai numa dessas faixas privilegiadas e quer fazer uma curva está à vontade. Quem vier lá que se desvie (não sei para onde) ou páre, porque o autocarro pode fazer o que quiser, é grande.

Vou revelar uma coisa. Acirculação nas faixas reservadas aos autocarros não é regida por um código diferente, segundo o qual se tem prioridade sobre todos, sejam quais forem as circunstâncias.

E agora vou fazer uma sugestão. Façam como eu: quando vou numa rua com a faixa de circulação normal e a faixa de circulação para autocarros, ao aproximar-me de uma curva vejo se vem lá algum autocarro perto da curva também. Se não vier sigo caminho, desapontado. Se vem lá algum autocarro eu abrando a marcha, de forma a que quando o autocarro chegar ao momento de ocupar a faixa do lado para fazer a curva estou lá eu... e faço a curva mesmo devagarinho, por razões de segurança, obviamente. E também para chatear os motoristas dos autocarros.

Até hoje nenhum chegou a bater-me, o que é uma pena porque preciso de pintar o meu carro...!